A revista Casa Vogue premiou Pietro Oliveira da marca CABOCO que está no catálogo da Hometeka. Sob direção criativa dele, a marca faz do design autoral uma rede comunitária, encorporando no processo produtivo pequenos artesãos do interior de Minas Gerais.
Quer ver mais? Venha conferir na Entrevista a seguir! Apresentamos a marca e ele nos conta seu ponto de vista ;)
Prêmio Casa Vogue
O Prêmio anual de uma das mais importantes revistas de design de interiores do país aconteceu dia 31 de maio e mostrou como o design pode ser uma iniciativa de trocas e interações com as pessoas. Os temas discutidos foram assuntos importantes do cenário internacional de design como sustentabilidade, inovação, funcionalidade e criatividade. O quinto prêmio foi dividido em 10 categorias de peças específicas – Objetos, Mobiliário Outdoor, Luminárias, Louças e Metais, Mobiliário, Cozinhas e Closets, Complemento, Revestimento, Têxteis, Voto Popular, Coleção de Design – e categorias de autoria – Designer do ano e Talento em Ascensão. Sendo o ganhador da última Pietro Oliveira.
O Designer e a CABOCO
O designer mineiro tem formação em design de produto pela UEMG e industrial pela Universidade Victoria da
Nova Zelândia. Sob sua criação, a CABOCO começou em 2018 e seu slogan “O design do Interior” diz muito sobre os princípios da marca tanto no sistema produtivo quanto no estético.

– O designer Pietro Oliveira
A proposta complexa encabeçada por Pietro na CABOCO gera um sistema descentralizado de produção de mobiliário. Dele participam diversos pequenos produtores do interior de Minas Gerais, que dividem o trabalho em sua especialização. Cada peça feita pela CABOCO traz consigo os diversos lugares de seu nascimento e a história de seus produtores. Ela representa uma valorização e fortalecimento econômico para os pequenos artesãos.
Entrevista
A Hometeka fez algumas perguntas para o designer nos contar um pouco sobre seu ponto de vista da atuação da marca. Veja a seguir!
Hometeka: O que representa para você receber o prêmio de Designer em Ascensão Casa Vogue? E para os artesãos locais?
Pietro: Pra mim esse prêmio é um lugar de representatividade e uma incitação ao desenvolvimento do meu trabalho. Para cada artesão o prêmio representa algo diferente de acordo com a instrução de cada um. O mais gratificante é ver como se sentem valorizados.
H: Vimos no instagram da marca uma atenção minuciosa aos detalhes e ergonomia que leva bastante tempo. Com o reconhecimento que vem recebendo, como tem sido essa relação do tempo de desenvolvimento e a velocidade do mundo de hoje? Há projetos de novas peças em desenvolvimento nesse momento?
P: O tempo de hoje cobra rapidez e quantidade de conteúdo que diverge da qualidade e do tempo necessário para amadurecer a experiência de uso dos produtos. É a lógica oposta ao fastfood que faz o meu trabalho ser diferenciado. Projetamos produtos que oferecem experiências interessantes e estamos prototipando peças com interações diferentes.
H: Como surgiu a ideia de interligar o pequeno artesão, um designer, o sistema produtivo e a distribuição? Como você enxerga esse modo operacional no cenário do design brasileiro atual?
P: Eu quis fazer o design de ponte entre o cliente e o artesão, oferecendo um contato mais próximo através da transparência do processo produtivo. Eu vejo minha atuação no cenário do design brasileiro contemporâneo como um contraponto aos convencionais processos verticalizados, sejam eles em fábricas ou ateliês. Produzir de forma horizontalizada possibilita o uso do design e território, passando por várias mãos.
H: Perante a proposta da marca e o sistema produtivo regional, como se dá a sua relação pessoal e criativa com os artesãos que participam com você na produção?
P: Tudo começa com a busca pelo território e o encontro com profissionais experientes para aceitar o desafio de desenhar algo novo. O processo de desenvolvimento é de constante troca, o que resulta em uma relação afetiva com os artesãos.
H: Como é seu processo criativo? Quais são suas referências?
P: Meu processo criativo é o lugar aonde meu desenho ganha um sentido amplo. O traço corre o papel enquanto também percorrem ideias e conceitos que se somam a história da marca, seja influenciado pelo modernismo, ou pelo regionalismo. Uma hora a ideia toma forma no mundo físico e o desenho continua se refinando até não ser desenho mais e se tornar um produto.
H: Qual a maior dificuldade que você enfrenta hoje na Caboco?
P: Meu maior desafio na CABOCO hoje é gerenciar tudo com o pouco tempo que tenho, por trabalhar também para a indústria. É um grande aprendizado perceber a diferença do tempo da indústria e da CABOCO equilibrando as expectativas dos clientes, que acompanham o processo, o tempo do artesão e meu anseio criativo.
Entre suas peças, que compõem o acervo da Hometeka, estão: a Mesa Tropeiro, a Luminária Lume, o Banco Arreda. Role para baixo e conheça um pouco mais sobre a marca ;)
Esteticamente os designs tem a marca do regionalismo do interior unidos às referências modernistas do autor. Na Pachá, a poltronona característica da marca, que foi finalista do Prêmio Salão Design 2019, é visível o equilíbrio entre essas duas esferas estéticas. A Pachá é produzida artesanalmente em madeira maciça e estofado que flutua visualmente sobre uma lona, sustentada por um chassi de aço, caprichosamente encaixados por pinos. Ideal para quem tem bastante espaço e valoriza o conforto acima de tudo. Pachá é um nome de origem turca que define a designação de uma patente executiva do exército. Já no Brasil é um sinônimo popular de preguiça e por isso o nome da nossa poltrona de descanso executiva.

– A Poltrona Pachá
Com o conceito de brinquedo de luz, a luminária Lume de mesa de madeira com cúpula de tecido oferece uma experiência mágica. A Lume é um abajur inspirado na interação do uso. Com a funcionalidade inovadora, a luz é acionada ao movimentar a base. O que confere identidade à peça é a escolha dos materiais e cores orgânicas usados em linhas minimalistas e funcionais com acabamento refinado. Essas características criam uma haste encorpada e fora do lugar-comum.

– A Luminária Lume
Uma peça demonstra o compromisso com as histórias brasileiras é o tapete Aroeira. Ele é feito num tear centenário, que existe desde a época dos escravizados no pequeno vilarejo de Aroeira e carrega consigo a história de várias mulheres que fizeram deste tear a sua forma de trabalho. Essas mulheres guardam consigo o conhecimento de todo processo antigo de fabricação, que passava pela coleta o algodão na natureza, sua preparação para transformar em linha e a criação da linha em si, tudo antes de iniciar o trabalho no tear. O conceito interiorano do tapete Aroeira celebra a brasilidade, utilizando técnicas tradicionais locais, sendo desenvolvido em módulos costurados manualmente para atender às configurações do tear e ao mesmo tempo possibilitar a criação de grandes formatos.
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